9 de abr. de 2011

Conto nº 9

 Palhaçada
E ali eu me encontrava.Pronto para mais um fim de semana incrível com meus pais.Eles sempre conseguiam me deixar feliz.Sempre havia uma novidade.O circo havia chegado,atração do momento,e eu iria contemplar aquilo.Mal podia esperar.
Chegamos às 17:50.Sentamos bem à frente.Passados 10 minutos o show começara.Estava perfeito,os malabaristas,os mágicos,os animais(se bem que eu não gostei muito da idéia deles em um circo).Mas,ali,no fim,de mais especial,pra mim:os palhaços.Eu não entendia nenhum deles,era tão incrível,como eles conseguiam ser tão engraçados.Eram mestre naquela arte,conheciam o ponto fraco do riso de cada um.Eu me matava com a apresentação deles.Todos riam.Mas eu estava realmente intrigado,e nunca entendera porque aquelas máscaras e fantasias todas.
O espetáculo acabou com eles,e todos aplaudiram.Belíssimo.Fiquei olhando eles saírem,e no fim,quando iam deixando o palco,um olhou pra trás.Não sei se fora impressão,mas ele olhou triste.Fiquei pensativo.Disse aos meus pais que queria vê-los.Eles disseram que era possível.
Fui ao camarim de um deles,o mais velho.Ele estava começando a tirar a maquiagem,a "máscara".Então perguntei como era ser um palhaço,falei que achava incrível,que eles eram extremamente felizes,mas ele parou e olhou.Depois de um bom tempo,respondeu:
-Querida criança,nós não somos exatamente assim.Os palhaços são sim,mestres do riso e da alegria.Mas se prestar bastante atenção,nunca rimos das nossas piadas.Apenas levamos a alegria,que um dia fora tirada de nós.Não podemos mais sentir tanta alegria assim quanto os espectadores,porque somos treinados.Já que não podemos ser tão felizes,fazemos com que outros sejam assim.Por isso usamos máscaras,para esconder nossa realidade e verdadeira identidade,para sermos outros,e por um momento fingir que tudo é incrível,e tudo está bem.Não passamos de falsas felicidades.Apenas um palhaço poderá entender outro,porque só um sabe o que o outro passa.Eu perdi toda minha família,sobrando apenas meu irmão,que está no camarim ao lado.Já sofri muito,já fui feliz,já ganhei presentes bonitos,tive muitos amigos,ia ao circo com frequencia,mas tiraram isso de mim.Não culpo a ninguém,nem nada.Dou o melhor de mim para levar alegria aos outros,que é a única coisa que me dá prazer nesse mundo.Assim acho que algum dia recuperarei minha felicidade.Espero que tenha gostado da apresentação,isso me deixará feliz.Acho que isso é ser um palhaço.
Sai daquela sala com um grande respeito pelos palhaços,e por aquele homem.Mas,ao chegar na saída,vejo meus pais brigando feio por algo que tinha a ver com casamento.Eu fiquei assistindo,e,depois de um bom tempo,foram perceber minha presença.Aquilo já acontecia a um tempo,e eu estava com medo.Em casa,antes de dormir,fui no quarto deles,dei um beijo em cada um,e disse:
-Quero que vocês saibam que amo muito vocês,e não importa o que aconteça,quero que permaneçamos juntos.Vocês me trazem alegria até em tempos de guerra,quando estou triste e cansado.Eu só queria que essa alegria fosse retribuída,e que se estiverem passando alguma tempestade,quero que me deixem muito feliz,pois sei que isso trará a felicidade de ambos.E essa felicidade vai trazer bem para os dois,e isso fará o tempo abrir.Saibam que amo vocês.Boa noite.
Me escondi atrás da porta,logo após sair,e me pus a escutar.Meus pais se beijaram e conversaram:
-Sabe,acho que estamos fazendo tudo errado.Estamos nos preocupando demais conosco,e isso está nos destruindo.Nosso ego puxa para o lado oposto,e pensamos só na gente.A concepção de família está esquecida.Nem sequer reparamos a felicidade do nosso filho hoje.Talvez se dentro de toda essa tristeza e raiva,conseguirmos apenas deixar quem amamos e queremos bem extremamente felizes,isso mude a nós mesmos.Se levarmos alegria aos mais importantes para gente,mesmo estando tristes,talvez essa tristeza passe.Talvez a nossa resposta esteja no outro,e não em nós.Talvez a resposta da separação do nosso casamento esteja naquela pessoa que acabou de sair,e que nos deu uma grande lição.Se nos separarmos,isso o magoará.Se nos amarmos,isso o deixará feliz,e consequentemente a nós.A felicidade do outro se torna a nossa,quando o outro importa pra gente.Quero que saiba que eu te amo,e que não vou te deixar.O mais importante pra mim,hoje e sempre,é a tua felicidade e bem estar.
Naquela hora,fui para a cama,feliz,sabendo que tinha sido um palhaço naquele dia,pois levara a alegria a outras pessoas,mesmo estando triste e com medo de que algo ruim acontecesse.O que aconteceu foi que todos ficaram felizes.Ser palhaço não é só fazer graça e fazer a pessoa rir naquele momento.Rir é algo que se vai,como folha de outono.Sorrir é algo que fica,e é isso que os verdadeiros palhaços querem mostrar ao seu público.Rir é o melhor remédio,mas sorrir é a verdadeira solução.

FIM
Agradecimentos Especiais ao grande Amigo,Nonay Foralskelse,que me ajudou a escrever esta história.

20 de fev. de 2011

Conto nº 8

Uma rosa e um cigarro.
Calçou a meia.Colocou o tênis.Vestiu a camisa.Perfumou-se.Estava pronto.O encontro de 1 ano de namoro estava pra acontecer.Ele estava tenso.E sorridente.
Beijou a mãe e o pai.Fechou a porta.Eram 20:00 e ponto.Entrou no táxi.O buquê e sua mão implorava que ele o soltasse,tamanha sua ansiedade.Às 20:30 chegou ao local marcado.Estava cheio e as pessoas pareciam fora de si.Ele não estava nem ai.Sentou-se e pediu um whisky puro,com gelo.Enquanto apreciava seu drinque,lembrou todos os momentos que viveram até aquele dia.Os passeios no parque,a praia,os beijos no alto da velha estátua que lembrava seu avô.As mãos dadas.O calor do corpo.A saudade quando viajou.O abraço quando voltara.Ela bonita na sua formatura,prestigiando-o.E aquele dia seria mais um marco na vida deles.É assim quando se tem um relacionamento.Tudo é importante.Um sorriso,uma mensagem,um beijo,uma ligação perdida durante o banho.Duas mãos juntas.
Ele olhou para o relógio.20:52.O tempo voa.E como voa.Se você não faz o que é necessário no tempo que lhe é dado,você cai.E todo o seu progresso é perdido.
21:00
Finalmente,se levantou,e foi ao banheiro se arrumar.Ela chegaria a qualquer momento.21:15.O tempo voou.E nem sinal de sua bela dama.Mulheres,pensou.Tem seus dramas,de chegar atrasadas,sempre belas e fatais.Por isso são tão apreciadas.
Mas já eram 21:30 e seu perfume já se esvaia do pescoço,mas ela não chegava.Ele olhou vagamente para a rua.22:00.Já chega.
Ele saiu cabisbaixo pelas ruas daquela pequena cidade,e,com algumas doses na cabeça,adentrou uma rua pequena,um beco.Lá no fundo,com pouca luz,distinguia-se um homem e uma mulher.E pareciam estar bem aconchegados.Ele se aproxiou cautelosamente.Lembrou-se de sua querida.Os longos cabelos caidos pela costa.A tiara que usava sempre,vermelha.Ele sentia algo estranho.Lembrou-se da voz dela.Calma e suave,como uma brisa.Arrepiou-se.Lembrou-se de suas vestes.Sempre vestidos.Mas ele piscou,e já estava perto do casal.Ele não estava se lembrando da sua amada.Ele agora a estava vendo.
-A..a..amor,não é nada do que...
-Amor?
Ele deixou o buquê cair.Aquelas rosas,tão bem cuidadas,e regadas e cortadas.Carinhosamente colocadas e um lugar muito aconchegante.Onde não pudessem ser machucadas.Agora refletiam seu relacionamento.Lembrou-se que pedira que ela regasse as rosas um pouco mais cedo naquele dia.Ela não o fizera.Isso também refletiu seu relacionamento.Ele não daria conta de tudo sozinho.Não para sempre.Ela devia estar ajudando-o.Ela olhou as rosas.Algumas estavam meio murchas,secas.Ela também se lembrou.Uma lágrima escorreu e pingou na rosa.A rosa secou mais ainda.Ela estava sentindo pena dele.
Ele deu meia volta e se sentou em um banco de praça.Lembrando que pela primeira vez conseguira amar alguém.Mas parece que não era a hora certa.Porque tinha que ser tão difícil assim?
Puxou um cigarro,acendeu e tragou.Começou a andar pela velha avenida onde a conhecera.Comprou uma garrafa de whisky e vagou.Vagou.Vagou.Sem rumo.Fechou os olhos.Lembrou-se de uma frase: " Amar é como morrer.Você só pode uma vez.E não tem volta." E continuou andando.Com um cigarro,uma garrafa de whisky,e a certeza de que um dia,voltaria pela mesma estrada que percorrera e veria o sorriso de algo que um dia fora seu.Lembrou-se de outro ditado. "Dizem que a morte tem salvação.Talvez o amor ainda possa ser salvo".Abriu os olhos,e agora já sorria.


FIM

4 de dez. de 2010

Conto nº 7

Chuva sem fim.
Zack morava em uma cidadezinha pequena,ao nordeste da capital.Ele vivia talvez por conta própria,porque a mãe trabalhava o dia todo na cidade,e o pai não ligava pra ele.Zack amava muito o pai,mas ficava triste e chorava porque o pai nunca falara com ele.Sua mãe era conhcida por todos os homens da cidade,talvez por sua reputação não tão bem-vinda.
Zack acabara de completar 9 anos e perguntava para o avô sobre grandes provações e missões de um homem.Seu avô lhe explicara que para um homem,seu maior prêmio era cumprir algo que a pessoa que mais amava e respeitava lhe ordenasse.Para Zack,isso lhe parecia impossível,seu pai nunca iria lhe pedir nada.Mas Zack era ingênuo.
Em um dia nublado,Zack estava deitado na grama,quando seu pai chegou e lhe disse:
-Vamos Zack,tenho alguns afazeres pra você.
Fora a tarde mais feliz dele.Comprou coisas com o pai,andou de carro pela cidadezinha,falou com pessoas com o pai.Esperou o pai fazer coisas de interesse dele.Mas o maior prêmio aconteceria a noite.Quando fora dormir,seu pai entrou e lhe disse:
-Amanhã de manhã irei viajar,e quero que arrume minhas coisas na frente de casa está bem?E me acorde por favor.Boa noite.
Ele nem dormiu de tão ansioso.No horário combinado com o pai,5h da manhã,ele pegou a mala e colocou na porta.Esquentou o leite e os biscoitos,e foi chamar o pai.Com carinho.Chovia muito lá fora.O pai olhou para ele e disse:
-Você conseguiu.Será um homem muito dedicado e pontual.Tenho orgulho de ter você como filho.
Se levantou,beijou Zack no rosto e disse para ele ir dormir.Zack ficou olhando seu pai sair na chuva,correndo,para trabalhar.Dormiu muito feliz naquele dia.
Esperava todo dia sentado na escada da porta de sua casa pelo regresso do pai.Em vão.Sua mãe morrera de uma doença ainda não conhecida.Zack passou todos os dias de sua vida naquela casa,esperando pelo pai,cansado e silencioso.Para que pelo menos uma vez mais ele visse o filho,esperando por ele,com leite e biscoito na mesa.E dissesse:
-Tenho muito orgulho de você.Parabéns filho.

FIM

15 de set. de 2010

Conto nº 6

Pequenas Grandes Coisas
-Papai,papai,por que escreve histórias?Perguntou a pequena Stephany.
-Não são histórias filhinha.São crônicas da minha vida.Elas aconteceram de verdade!-respondeu o pai,sorrindo.
-E por que são tão tristes?-ela indagou,intrigada.
O pai parou de sorrir.Refletiu muito,e disse:
-Apenas quando estamos felizes,em que você pensa?
-Ah,eu penso em nada!Só quero me divertir e brincar.Fico sem problema nenhum!!
-Isso mesmo.Mas acontece algum dia temos que parar para refletir.E é para isso que servem as minhas crônicas.Para aquecer o coração daqueles que estão frios como o inverno.Para lembrar aos desesperados que ainda há esperança na vida,que nunca se deve desistir,e que sempre tem alguem olhando por você.E também para acordar o amor,que ainda dorme em muitas pessoas.
-Mas papai,porque você faz isso por elas?Não é melhor deixar elas descobrirem por si mesmas?
-Muito inteligente,filhinha.Mas eu não faço nada.Apenas conto uma "história",e vem a mente delas uma lembrança,e isso as faz refletir.Talvez essa lembrança as deixe tristes,o que irá fazê-las refletir ainda mais.Eu quero que as pessoas vivam,amem umas as outras,não queiram ser melhor que ninguém,e estejam dispostas a viver cada minuto como se fosse o último.
-Ah tá.O senhor é tão inteligente!Por que o senhor não grita isso pro mundo ouvir?Assim seria mais fácil não?-ela respondeu sua brilhante idéia.
-Não amor.As grandes revoluções começam de pequenos tumultos.Como alguém pode querer mudar o mundo,dizer que deveria ser feito isso e aquilo,se não ajuda a própria mãe a lavar a louça do almoço?São as pequenas coisas que nunca esquecemos.
-É,o senhor tem razão pai.O senhor sempre tem razão.É por isso que é o meu herói.
-Boa noite filhinha,está tarde.-ele a beijou.
-Boa noite pai.
Quando ela foi saindo do escritório,virou-se:
-Pai,eu vou tentar mudar o mundo.
-Sim filha,claro que vai.
E ela sorriu.
O homem se levantou,cansado,sonolento,porém sorrindo.Olhou para a história que acabara de escrever,e lembrou-se de tudo que tinha acontecido ali.Lembrou-se  de sua filha lhe prometendo mudar o mundo.E ela cumprira.Lhe dera forças para continuar aquilo que parara há 6 anos,quando o mundo despencara sobre ele.Sua filha,tão pequena,mas tão forte.
-Obrigado,Stephany.
E olhou para cima,tendo certeza que ela ouvira.Ela cumprira sua promessa.Ele olhou para a foto.Ela era só isso agora.Uma pequena recordação.Já não estava mais ali.Mas não são as pequenas coisas que fazem a diferença?

FIM

Conto nº 5

Estações.
Era uma tarde quente de verão.A última para a chegada do outono.
-Eu apenas consigo me amar quando estou perto de você,peço que me ame também.
-Se fosse verdade,você não saia com ela.Ela importa mais do que eu?
-Claro que não.Deixa eu explicar.
-Não quero saber.Agora é tarde.Eu vi vocês se abraçando na porta.Bem forte!
-Ei,eu n...não chora,por favor!
-Como eu não vou chorar!Você escolheu sair com ela do que comigo!
-Vem cá,deixa eu te abraçar.
-Seu idiota!Porque fez isso?Quer me ver sofrer né?
-Sabe qual o lado bom de te ver chorando?Eu descubro cada vez mais o quanto gosta de mim.A cada lágrima que sai,seu sentimento bate mais forte no meu coração.E é por isso que te amo tanto.Eu não quero perder nenhum momento com você.Me perdoa.Por favor.
-Eu...eu...te amo tanto!Como pude ser idiota!Promete que não faz mais?
-Sim,prometo que se fizer,será por sua causa.
-Que?Como assim?
-Deixa pra lá....
-Você vai sair com ela de novo?
-Mas ela é minha amiga!
-Eu não gosto dela!!Será que não se importa com isso?
-Claro que sim,mas...
-Amor,tem uma grande razão.No fim,sempre descobrimos.Entenda.
-Eu não quero entender nada!!Eu já sei tudo!!Vocês saem juntos!!Me traiu!!
-Não,eu apenas...te trou..
-NÃO QUERO SABER!PRA MIM JÁ DEU!ADEUS!
-Volta aqui...não corre!
-VAI EMBORA!!
-Eu tenho que te dar uma coisa...
Scriiiiiinchh!!PAAAAAAA!!!
-Meu Deus!!Ei garoto,você está bem?
-NÃÃÃÃÕ!!!O que houve?Sai,deixa eu falar com ele!!Tá tudo bem?
-Tá sim...pegue...eu saí com ela para escolhermos seu presente...ou nosso...está aqui...
-O que é isso?AH MEU DEUS!Um par de alianças??Isso é nosso?
-Sim...el...ele é mera lembrança agora...eu tenho um pedido...
-Como pude ser idiota e não ouvi-lo..Eu tenho tanto pra dizer...
-Me escuta...
-Tudo bem.
-Me desculpa se te magooei.Não quero partir triste...
-Partir?Não!
- Eu me odeio quando estou longe de voçê.Por favor,não me odeie agora.Eu te amo.
E fechou os olhos,antes que ela pudesse emitir som algum.E a primeira folha do outono estava ali no chão.Seca.E sem vida.

FIM

12 de ago. de 2010

Conto nº4

Quando a lágrima caiu.

-NÃO,EU NÃO VOU!É o meu aniversário,eu tenho direitos!Deixa eu sair com os MEUS amigos!-vociferou Andy.
-Tudo bem filha,você pode ir.Mamãe estará aqui,te esperando.
-AH!ATÉ QUE ENFIM!TCHAU!
Andy saiu com seus amigos,sem rumo certo.Ao passar pela praia,decidiram parar.Ali,beberam,dançaram e riram até tarde.Lance,seu melhor amigo,foi conversar com ela.
-E ai,como foi com a coroa?
-Ah,ela que se fo**.Eu tenho mais é que curtir a vida.Tenho 17 anos!E seu eu não curtir,o que vou contar pros meus filhos?
-Mas o que ela disse?
-Ela queria que eu ficasse lá,coma família,na monotonia e tal.E ainda queria orar e umas frescuras de igreja lá,acredita?
-Ei,não diga assim,sua mãe se importa com você mana.Ela quer teu bem.
-Meu bem!!??Se quisesse,não me prendia.Ah toma n****!!Bebe ai,bebe ai.Hoje a noite é nossa!!
E voltaram a curtir.Passou 11,12 horas.Eram 4 da manhã,e Andy estava tonta demais para ir agora.
-Andy,é bom você voltar pra casa sã,para tua mãe não brigar.
-Relaxa pô...a mãe vai tá dormindo.Deve ter desistido da festa lã pelas 11 da noite.Já vamos.
Ás 4 e 40 eles saem da praia.No carro Andy vai pensando na vida.Em como a mãe é besta pra ela,mas também pensou em como briga com ela.Ficou confusa.Não entendia sua mãe.Por que ela fazia tudo por ela.Andy sabia que era desobediente.Mas a mãe não perdoaria agora.Quando acordasse,ela ia brigar.
Então Andy chegou.E quase cai pra trás.
Sua mãe dormia no sofá,um balão em uma mão,um presente sobre a outra,e o bolo na mesa.Lindo.Confeitado e com cerejas,como a própria Andy gostava.Ela não aguentou.Chorou desesperadamente.Não conseguia acreditar na mãe.Ela havia esperado a filha.E todos os convidados haviam ido embora,mas ela estava ali.Todos haviam desistido de prestigiar Andy,mas ela,sua mãe,sua melhor amiga,não havia desistido dela.Ficou com todas as forças sentada ali,esperando para receber com o maior sorriso do mundo a filha dela chegar com a cara fechada.A flha que ela ama mais que a vida.Andy correu e abraçou a mãe,que apenas abriu os olhos.
-Andy,agora filha?Aqui está o seu presente.Eu queria que este fosse seu dia especial.O mais especial...mas nem pudemos passá-lo juntas.Espero que você tenha se divertido.Isso me fará sentir melhor.
-Sim mamãe...eu me diverti...mas... a senhora...
-Eu ficarei bem.Só estou cansada,preciso dormir.
-Sim mãe,eu a levo.Amanhã nós...
-Ah Andy...amanhã é muito longe...Saiba que te amo filha e feliz aniversário.Vem me dê um abraço...
Ao abraçá-la,Andy abriu o presente e viu sua única foto que tirara com a mãe num belo retrato:abraçadas na sua festa de formatura.Ia agradecer mas viu um cartão.Mal conseguiu lê-lo,tais as palavras escritas.Andy não conseguiu terminar.Quando olhou a mãe,estava muito quieta e gelada.Não podia acreditar no que via e juntar com o que lia.Ela nunca mais ia sair com a mãe.Não haveria mais uma chance de tentar mudar.De abraçar a mãe ou brigar com ela.De crescer e ouvir sua mãe falar o quanto ela amadurecera.Era um dia tarde demais.Ela olhou para o papel mais uma vez,e quando uma lágrima caiu,ela leu:
Câncer terminal.3 dias de vida.Te amo.
                                                                                                    Mamãe.
FIM

23 de jul. de 2010

Conto nº 3

A coisa mais importante
Era o primeiro dia de escola de Cody.E era clara a excitação dele.
-Pai,o senhor vai também né?Lá tem muita criança igual eu?E a professora,como ela é?Ela é bonita?
-Calma Cody,uma coisa de cada vez.Não,eu não vou estar lá,mas irei te buscar.Sim tem muita criança igual você,e se a professora for igual a sua mãe,então ela é bonita.
Já dentro do carro,Cody não parava de fazer perguntas.Perguntou que horas começava,que horas acabava,qual era o lanche,quanto tempo demora a escola,como é ser um aluno e outras coisas que ele considerava coisas importantes.Coisas grandes.
Chegou na hora que o sino tocou e correu para a sala,no 2ºandar.Lá,uma professora alta e bonita o recebeu.Ele sorriu.
-Olá pequeno,como se chama?Sou a Prof.Alicia.
-Sou Cody,e sou novo aqui.
Ela explicou que ele não era o único e pediu que se sentasse.Então lhes deu as boas-vindas e mandou se agruparem em grupos de 6.Formaram-se 4 grupos.Cody sentou-se com apenas garotos.Estes conversavam algo importante.
-Ei,o meu pai está num campeonato de boxe internacional na Espanha agora,e estará na tv amanhã!!-disse um bem magro e alto.
-E daí,o meu acabou de comprar a terceira Ferrari dele,sendo que os BMW's estão com ele na nossa casa em Cabo Horn,no sul da América.
Este que falou parecia ser muito rico,era loiro e tinha olhos muito azuis.
-Ah,papai falou desse lugar,é muito bonito,mas ele e mamãe preferem as Ilhas Madagascar!As ilhas de lá são maiores e mais bonitas!Por isso que vou pra lá nas férias!E você Henry?-disse o mais novo.
-Sei lá.Isso já tá chato.Ser rico é tão bom,quando se tem lugares para ir.Acho que vou pedir a mamãe para ir na Lua com o pai,não sei...
Todos esses comentários assustaram Cody.Ele nunca tinha feito nada disso,e lhe parecera tão extraordinário que poderia...
-Ei você,Cody não?O que seu pai faz?-disse o cujo pai era astronauta.
-Ahn,eu?-todos o olhavam ansiosamente-ah,meu pai trabalha a tarde num posto de gasolina,e é muito excitante sabe,todos aqueles carros...
Todos caíram na gargalhada.Cody não achava graça,mas riu.
-Viram,ele ri da própria desgraça!!Isso é ser pobre!
Ele entristeceu-se ao ouvir isso.Seu primeiro dia não seria mais lá o que achou.Foi horrível,ele pensou para si.Horrível.
No carro,falou com o pai.
-Ah,olá filho.Como foi seu primeiro dia,espero que tenha sid...
-Foi chato.Muito chato.As crianças sao legais e igual eu,exceto que elas são ricas e nós,pobres.
O pai de Cody olhou-o pelo retrovisor interno.
-O que filho,pobres,nós?Por que diz isso?
-Então Cody lhe contou a conversa que participara.
O pai dele parou o carro e virou-se para Cody.
-Escute bem filho.Nós temos uma coisa que eles não tem.Nossa família está sempre unida não é mesmo?Eu duvido se a deles é assim.Nunca.O tempo todo viajando e longe e trabalhando muito.Eu não te ajudo nas coisas que precisa?Não brinco com você quando pede?Não me ofereci para ajudá-lo no dever de casa?Pois vá lá amanhã e conte isso a eles.Pergunte-lhes se o pai deles faz isso.
Cody ficou imensamente feliz.Ele sabia que não eram tão ricos,mas sabia que seu pai era o melhor,pois conseguia convencê-lo da felicidade existente até nas piores situações.Chegou em casa feliz até dormir.
No outro dia,quando seu pai o deixou na escola, ele deu um beijo particularmente grande e um abraço exageradamente longo em Cody.Ele estranhou mas seguiu até a porta e acenou para o pai.Talvez porque iria embora com a moça que cuidava dele,e veria o pai só a noite.
Na sala novamente,juntaram-se outra vez.A discussão calorosa recomeçara.Quando chegou em Cody,ele se levantou e bradou:
-Eu tenho o melhor pai do mundo.Eu quero saber se o pai de vocês os ajuda com o dever,se conta uma história para vocês todos os dias antes de dormir,se eles trazem vocês para a escola e lhes dá um beijo antes de vê-los seguir até a porta e se brina com vocês.Hein,digam-me?
Os seus colegas agora choravam.Pois o pai de nenhum deles fazia o que Cody dissera.Uns viajavam o ano todo,outros os viam uma vez por mês,outros sequer tinham pai ou mãe.E era por isso que se gabavam tanto da riqueza que tinham,para esconder a tristeza em seus corações.
Cody olhou e sorriu para a professora.Ela compreendeu e permitiu que ele continuasse.
-Eu quero lhes dizer para que todos vocês,quando tiverem a oportunidade de verem seus pais,os abracem e digam o quanto os amam.Porquê talvez um amanhã se machuque numa luta,ou fique preso num foguete,ou até mesmo...morra numa viagem.Por isso não percam suas chances,liguem,peçam para virem vê-los e passarem um tempo com vocês.Obrigado.
Todos aplaudiram Cody e lhes deram tapinhas nas costas.No fim da aula,a Prof.Alicia lhe disse:
-Quem lhe disse tudo isso Cody?
-O meu pai.Ele me ensinou ontem o que é mais importante na vida.O que é preciso para ser feliz.Eu entendi que precisamos passar o tempo com quem amamos enquanto ainda estão conosco.É,foi o que entendi.
Ela sorriu e o abraçou.
Em casa,Cody achou um carro embrulhado num pacote de presente e uma grande torta de leite condensado na mesa,com um cartão."PARA CODY DO PAPAI."Ele comeu enquanto brincava com o carrinho de plástico.Era simples,mas ele nem se importou.Sua mãe veio e lhe abraçou forte.
-Ah olá mamãe,quer um pedaço de torta?Mamãe?Mamãe...?
Ela chorava e soluçava.Cody não entendeu até ela parar o suficiente e dizer:
-Cody,eu te amo e saiba que seu pai também.Você era a coisa mais importante na vida dele,entendeu?Não se esqueça disso.
Cody ficou muito confuso,olhou a mãe,reuniu forças e perguntou.
-Mãe,cadê o papai?Cadê o papai mãe?Eu quero ele aqui mãe!!
Ele só conseguiu ouvi-la dizer duas palavras antes de ter o mundo desabado sobre ele,pequeno e indefeso.
-Papai morreu.
FIM