20 de fev. de 2011

Conto nº 8

Uma rosa e um cigarro.
Calçou a meia.Colocou o tênis.Vestiu a camisa.Perfumou-se.Estava pronto.O encontro de 1 ano de namoro estava pra acontecer.Ele estava tenso.E sorridente.
Beijou a mãe e o pai.Fechou a porta.Eram 20:00 e ponto.Entrou no táxi.O buquê e sua mão implorava que ele o soltasse,tamanha sua ansiedade.Às 20:30 chegou ao local marcado.Estava cheio e as pessoas pareciam fora de si.Ele não estava nem ai.Sentou-se e pediu um whisky puro,com gelo.Enquanto apreciava seu drinque,lembrou todos os momentos que viveram até aquele dia.Os passeios no parque,a praia,os beijos no alto da velha estátua que lembrava seu avô.As mãos dadas.O calor do corpo.A saudade quando viajou.O abraço quando voltara.Ela bonita na sua formatura,prestigiando-o.E aquele dia seria mais um marco na vida deles.É assim quando se tem um relacionamento.Tudo é importante.Um sorriso,uma mensagem,um beijo,uma ligação perdida durante o banho.Duas mãos juntas.
Ele olhou para o relógio.20:52.O tempo voa.E como voa.Se você não faz o que é necessário no tempo que lhe é dado,você cai.E todo o seu progresso é perdido.
21:00
Finalmente,se levantou,e foi ao banheiro se arrumar.Ela chegaria a qualquer momento.21:15.O tempo voou.E nem sinal de sua bela dama.Mulheres,pensou.Tem seus dramas,de chegar atrasadas,sempre belas e fatais.Por isso são tão apreciadas.
Mas já eram 21:30 e seu perfume já se esvaia do pescoço,mas ela não chegava.Ele olhou vagamente para a rua.22:00.Já chega.
Ele saiu cabisbaixo pelas ruas daquela pequena cidade,e,com algumas doses na cabeça,adentrou uma rua pequena,um beco.Lá no fundo,com pouca luz,distinguia-se um homem e uma mulher.E pareciam estar bem aconchegados.Ele se aproxiou cautelosamente.Lembrou-se de sua querida.Os longos cabelos caidos pela costa.A tiara que usava sempre,vermelha.Ele sentia algo estranho.Lembrou-se da voz dela.Calma e suave,como uma brisa.Arrepiou-se.Lembrou-se de suas vestes.Sempre vestidos.Mas ele piscou,e já estava perto do casal.Ele não estava se lembrando da sua amada.Ele agora a estava vendo.
-A..a..amor,não é nada do que...
-Amor?
Ele deixou o buquê cair.Aquelas rosas,tão bem cuidadas,e regadas e cortadas.Carinhosamente colocadas e um lugar muito aconchegante.Onde não pudessem ser machucadas.Agora refletiam seu relacionamento.Lembrou-se que pedira que ela regasse as rosas um pouco mais cedo naquele dia.Ela não o fizera.Isso também refletiu seu relacionamento.Ele não daria conta de tudo sozinho.Não para sempre.Ela devia estar ajudando-o.Ela olhou as rosas.Algumas estavam meio murchas,secas.Ela também se lembrou.Uma lágrima escorreu e pingou na rosa.A rosa secou mais ainda.Ela estava sentindo pena dele.
Ele deu meia volta e se sentou em um banco de praça.Lembrando que pela primeira vez conseguira amar alguém.Mas parece que não era a hora certa.Porque tinha que ser tão difícil assim?
Puxou um cigarro,acendeu e tragou.Começou a andar pela velha avenida onde a conhecera.Comprou uma garrafa de whisky e vagou.Vagou.Vagou.Sem rumo.Fechou os olhos.Lembrou-se de uma frase: " Amar é como morrer.Você só pode uma vez.E não tem volta." E continuou andando.Com um cigarro,uma garrafa de whisky,e a certeza de que um dia,voltaria pela mesma estrada que percorrera e veria o sorriso de algo que um dia fora seu.Lembrou-se de outro ditado. "Dizem que a morte tem salvação.Talvez o amor ainda possa ser salvo".Abriu os olhos,e agora já sorria.


FIM